Maria Clara Machado sempre fez questão de alertar seus alunos para o perigo da "verborragia". O que vem a ser isto? Trata-se, simplesmente, de um mecanismo inconsciente de defesa: ao invés de tentar sentir as emoções de cada situação proposta, o aluno pouco experiente busca camuflar seu embaraço e compreensível timidez despejando sobre a cena uma torrente de palavras. Tal artifício, ao menos na fase inicial de aprendizado, chega a ser quase inevitável. Mas converte-se em problema quando o aluno, já tendo adquirido alguma prática, ainda insiste no mesmo mecanismo. Aí algumas providências precisam ser tomadas. Por quê?
Por uma razão muito simples: as palavras (sobretudo em excesso) nem sempre podem revelar todas as emoções em causa. Elas são um dos recursos do ator, mas não único - há que se levar em conta o potencial expressivo do corpo, do gestual, de uma pausa que pode eventualmente dizer muito mais do que uma infinidade de palavras etc. Portanto, todo aluno de teatro - de qualquer nível - deve prestar muita atenção ao que diz em cena durante uma improvisação. Deve procurar lançar mão somente das palavras indispensáveis, sem jamais descuidar-se dos demais recursos que tem à disposição.